quarta-feira, 27 de setembro de 2006

Nostalgia - parte I

Ontem falei com uma pessoa amiga sobre recalcamentos, da infância, de como certas pessoas não conseguem lembrar das prórias infâncias...

Refletindo sobre o assunto: como é possível... Só eu lembro-me de quase, senão tudo...

- Brincar ao FBI com a minha irmã e os meus primos: dos tesouros, da sede feita de ramos de árvore, das pistolas de fulminantes (hoje tão proibidas), dos cartões feitos à mão (o meu nome era sargento Benny), do namorado de ficção (na altura era o Pedro Marini);

Pedro Marin versão anos 80



Pedro Marin 2006
(que saudades dos anos 80)
- As noites em que os meus pais saíam com os meus tios e os meus primos dormiam lá em casa (com os meus avós), e tinhamos como ritual, antes da deita, uma bela luta de meias mal cheirosas, odor esse provocado pelo belo do téni Sanjo;

- Tocarem à campainha, depois do jantar, e reparar na expressão (estilo vamos ter serão, outra vez) dos meus pais quando viam um amigo meu chegar de fato de treino. Significava que ia haver um show caseiro em que os principais artistas (e únicos) eram a minha irmã, esse amigo e eu;

- Lagoa de Albufeira... Ai a Lagoa... Já dizia a minha Avó:_ Os ares da Lagoa são muito fortes...

- Férias da Páscoa, Carnaval, Natal e 3 meses no Verão passadas nesse belo Paraíso;

- Dos bolos que eu e uma grande amiga faziamos que tinhamos como objectivo fazer ver a qualquer pasteleiro de 1ª , mas que no fim não tinham mais de 1,5cm. de altura;

- As idas à praia (leia-se lagoa, naquele tempo ainda se podia tomar lá belos banhos), em grupo, com o tijolo na mão e ouvir breack dance;

- O 1º do grupo a ter carta e carro... que saudades daquele carro (aquilo era mais um autocarro, pois cabiamos lá todos) o Kitt;

- As idas à gelataria, de noite (não havia luz electrica), às escuras, a cantarmos o Barabadum Badero, felizes e contentes por podermos chocar os vizinhos sem eles nos reconhecerem;

- As paixões do momento;

- Os amigos do momento;

- A discoteca Buda - algures no meu diário está escrito que nas férias de 1982 realizei um dos meus grandes sonhos, ir a uma discoteca (moda da novela da altura - Dancing Days). Por sorte, na Lagoa, tinha aberto a Disco Dancing Buda e o dono era vizinho dos meus pais o que me facilitou a entrada em tal catedral noturna. Fiquei maravilhada com a pista redonda com uma bola de espelhos ao centro. Que sorte os meus pais se darem bem com o vizinho... Mal sabia tal senhor, que viria a ser, 13 anos depois, o meu Sogro (reparem na letra maiúscula);

- O regresso às aulas;

- Os colegas, os trabalhos de grupo, as cábulas, as faltas a vermelho, as faltas colectivas, o chumbo (quase colectivo) no 8º ano, o aprender que mais vale não haver faltas a vermelho (pois é muita chato voltar a dar a matéria toda);

- Aniversários em conjunto com amigos que faziam anos por altura dos meus (hoje estou casada com um deles), na famosa disco Buda;

- A dança, os espectáculos na Danceteria Lido, que me faziam sentir uma Janet Jackson (na altura com poucas plásticas);

- António Arroio, o orgulho que tinha dessa escola;

- Do passeio de finalista que nunca chegámos a fazer, pois assim que tinhamos algum guito , lá iamos nós passar o fim de semana a algum lado, e que fins de semana;

- Das músicas que cantavamos, sentados no chão (sim porque ser da Antº Arroio, significava ser diferente) ao som das violas;

- Do curso de manequins - ok, está na altura de alguns que me conhecem e não sabem desta faceta dizerem "O quê???", o corpinho muda ok?? também já tive um belo corpinho - das passagens, poucas, mas que as fiz, fiz;

E depois cresci... aliás ainda vou crescendo, pois de vez em quando e muito regularmente, para benefício da minha identidade, volto a ser criança e adolescente.

Aínda hoje quando brinco com os meus filhos, quando estou com Amigos, quando tenho um daqueles jantares de mulheres (em que algumas têm menos 10 anos que eu, e dizem-coooitaaada, está assim só com um shot); quando dou comigo a vibrar com o concerto dos D'zert ou com um espectáculo dos morangos com açucar na companhia do meu filho, quando sou o meu verdadeiro EU, não tenho o perfil de uma senhora de 34 anos. E não me digam que são recalcamentos, isso não. Digam, isso sim, que é só tentar saber viver...

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